





Aos 90 anos, Gloria Menezes é uma das atrizes mais importantes da sua geração, protagonista de diversas novelas marcantes da emissora, como, por exemplo, a inesquecível Laurinha Figueiroa de 'Rainha da Sucata'. 2o4g4f
Dentre personagens excepcionais, carreira de Gloria quase ficou marcada por uma polêmica. Em 1998, a atriz viveria uma lésbica em 'Torre de Babel', mas o público rejeitou o papel, fazendo com que o autor, Silvio de Abreu, modificasse os destinos de vários personagens.
Conhecida pelo mistério da explosão de um shopping, 'Torre de Babel' também se destacou por abordar temas sociais relevantes, como o lesbianismo.
Na época, Silvio de Abreu ganhou carta-branca de Boni, diretor-geral da Globo, para criar conflitos necessários em histórias repletas de dramas sociais.
O autor, então, incluiu duas personagens lésbicas na novela, Leila e Rafaela, vividas por Silvia Pfeifer e Christiane Torloni. No entanto, o novelista confessou para Tony Goes, do canal Manual do Tempo, que o folhetim já sofria preconceito muito antes de começar.
A pedido da direção, o escritor retirou as personagens, matando-as na explosão do Shopping Center. “Diferente do que eu fiz em 'A Próxima Vítima', quando eu coloquei o personagem primeiro para o público descobrir e gostar, para depois dizer a sua orientação sexual… Desde a primeira cena da novela (Torre de Babel), já se sabia que elas eram um casal. Isso provocou uma grande revolta”, explicou.
A ideia de Silvio de Abreu, inicialmente, era que a personagem de Torloni fosse a única vítima, fazendo com que sua companheira, vivida por Pfeifer, se envolvesse como Marta, papel de Gloria Menezes.
“Tive que dar um jeito na história. O que me foi proibido veementemente: eu não vou poder continuar essa trama das lésbicas. A história que eu queria fazer, da Gloria Menezes com a Silvia Pfeifer, desta amizade – elas começariam amigas e desenvolveriam um romance ao longo da trama – não vai poder fazer, não dá para fazer”, revelou na entrevista.
O ex-chefão da dramaturgia da Globo contou que excluiu qualquer contato entre as personagens, ou seja, desistiu até de torná-las amigas. “A melhor solução era terminar com as duas juntas, pois assim se preserva uma ideia, elas ficaram juntas até o fim, eu não traí a minha ideia principal, embora tenha abandonado parte da minha história", concluiu.