Médico explica doença sem cura que fez Lady Gaga cancelar show no Rio de Janeiro: ‘Síndrome complexa’
Publicado em 29 de abril de 2025 às 17:54
Por Matheus Queiroz | Notícias dos famosos, TV e reality show
Jornalista por vocação, apaixonado por música, colecionador de CDs e neto perdido de Rita Lee.
Entenda tudo sobre fibromialgia nesta entrevista com o Dr. Fernando Jorge, médico ortopedista.
Médico explica doença sem cura que fez Lady Gaga cancelar show no Rio de Janeiro: ‘Síndrome complexa’ Lady Gaga desembarcou no Rio de Janeiro nesta terça-feira (29) Lady Gaga cancelou um show no Rock in Rio em 2017 por conta da fibromialgia Cancelamento do show de Lady Gaga no Rio de Janeiro ajudou a estender os debates sobre fibromialgia O Purepeople conversou com o Dr. Fernando Jorge, médico ortopedista especialista em Intervenção em Dor (Hospital Albert Einstein) e em Medicina Intervencionista em Dor
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Lady Gaga chegou em Copacabana nesta terça-feira (29). É a primeira vinda da popstar ao Brasil desde o cancelamento do concerto no Rock in Rio, em 2017. Apesar de traumático para os "little monsters", o episódio do “Brazil, I’m devasted” teve a consequência positiva de ampliar os debates sobre uma síndrome crônica que atinge 3% da população brasileira: a fibromialgia. O dado é da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR). 5vo56

A SBR define a fibromialgia como uma síndrome clínica que se manifesta com dor no corpo todo, principalmente na musculatura. Não existe um exame específico para o diagnóstico e nem causa conhecida, mas diversos sinais e sintomas merecem a sua atenção.

O Purepeople conversou com o Dr. Fernando Jorge, médico ortopedista especialista em Intervenção em Dor (Hospital Albert Einstein) e em Medicina Intervencionista em Dor (Faculdade de Medicina da USP). A seguir, entenda as informações mais importantes sobre a doença que acomete Gaga e mais 200 milhões de pessoas ao redor do mundo. 

FIBROMIALGIA: MULHERES ESTÃO MAIS PROPENSAS A DESENVOLVER O PROBLEMA DE SAÚDE

O sexo feminino está entre o grupo mais afetado pela fibromialgia. Segundo o doutor, mulheres são 7 a 9 vezes mais afetadas que homens. Embora possa acontecer em qualquer idade, a maior incidência ocorre entre 30 e 50 anos.

Diferenças hormonais estão entre as principais hipóteses da maior incidência em mulheres. “Estrogênio e progesterona modulam a percepção da dor, e flutuações hormonais (como na TPM, menopausa) podem exacerbar sintomas”, explica o profissional. O fator genético também tem impacto: “Genes ligados à serotonina e dopamina (neurotransmissores da dor e humor) são mais frequentemente alterados em mulheres”. 

De acordo com Fernando, o histórico familiar também influencia. “Há um componente genético, com polimorfismos em genes relacionados à modulação da dor, como COMT (enzima que degrada neurotransmissores catecolaminérgicos) e SERT (transportador que recicla a serotonina)”, ele completa. Há de se destacar, também, os fatores psicossociais. “Mulheres tendem a relatar mais dor crônica e buscar mais ajuda médica, o que pode influenciar estatísticas”, justifica o especialista.

Pacientes com doenças reumáticas (artrite reumatoide, lúpus, espondilite anquilosante), indivíduos com transtornos de humor (depressão, ansiedade, estresse pós-traumático) e pessoas que sofreram traumas físicos ou emocionais (acidentes, cirurgias, abusos) completam a lista de indivíduos propensos a ter fibromialgia.

A RELAÇÃO DA FIBROMIALGIA COM A SAÚDE MENTAL

A fibromialgia é, por vezes, classificada como uma doença psicossomática, problemas físicos que são causados ou agravados por fatores psicológicos, emocionais ou mentais.

Fernando explica que a fibromialgia não é apenas psicossomática, mas há uma forte interação entre corpo e mente. O primeiro fator é a sensibilização central. Trata-se de um processo fisiopatológico onde o cérebro começa a "exagerar" na resposta à dor. Isso acontece porque ele fica mais sensível e começa a interpretar até os sinais mais fracos como se fossem dor forte.

Depressão, ansiedade e estresse crônico também pioram a condição. “30-50% dos pacientes têm depressão ou ansiedade, que pioram a percepção da dor”, diz o doutor. Também por conta da sensibilização central, pacientes com histórico de abuso têm maior risco de desenvolver fibromialgia.

É o caso de Gaga, que, em 2021, revelou que desenvolveu fibromialgia por conta do trauma emocional de um estupro que resultou em uma gestação. Além disso, o estresse e a exaustão aos quais uma popstar é submetida podem intensificar os sintomas, segundo o médico.

Fernando destaca que o estresse causa inflamação no corpo. “O cortisol crônico aumenta citocinas pró-inflamatórias [substâncias produzidas pelo nosso sistema imunológico para ajudar a combater infecções ou lesões, que, em excesso, causam inflamação], piorando a dor”, esclarece.

A sobrecarga sensorial também pode agravar o quadro. “Artistas sob luzes, barulho e pressão têm hiperatividade do sistema nervoso simpático, levando a crises”, completa.

A fibromialgia não tem cura - e esse cenário ainda é distante, mesmo com avanços promissores, como pesquisa em neuromodulação, novos medicamentos e estudos com marcadores genéticos, que permitem diagnósticos mais precoces. “A fibromialgia é uma síndrome complexa, mas com manejo adequado, os pacientes podem ter qualidade de vida. O caso de Lady Gaga ajuda a conscientizar sobre a importância do tratamento integral (corpo + mente)”, comenta o doutor.

QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS SINTOMAS DE FIBROMIALGIA, SEGUNDO O DR. FERNANDO JORGE?

• Dor difusa, acima e abaixo da cintura, por 3 ou mais meses;
• Fadiga incapacitante, mesmo após dormir;
• Distúrbios do sono, como sono não reparador, insônia;
• Disfunção cognitiva ("Fibro fog": termo usado para descrever problemas de memória e concentração que pacientes com fibromialgia podem enfrentar); 
• Sintomas associados: Enxaqueca, síndrome do intestino irritável, formigamentos;
• Diagnóstico diferencial: excluir hipotireoidismo, polimialgia reumática, lúpus e deficiência de vitamina D.

QUAIS OS MELHORES TRATAMENTOS PARA A FIBROMIALGIA, SEGUNDO O DR. FERNANDO JORGE?

• Tratamento farmacológico individualizado com uso de antidepressivos, anticonvulsivantes e analgésicos; 
• Exercício físico, como alongamento, hidroterapia e pilates - Ajudam na melhora dor e fadiga;
• Terapia cognitivo-comportamental (TCC) - Controla o impacto emocional da dor; 
• Dieta anti-inflamatória, com ômega-3 e redução de glúten e lácteos em alguns casos; 
• Acupuntura e mindfulness - Reduzem sensibilização central.

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