





Tati Machado e Micheli Machado am pela mesma dor: perderam o bebê que esperavam a dias do parto. Jornalista da Globo, a colunista do "Mais Você" foi confortada por Ana Maria Braga e emocionou Talitha Morete com a perda da criança no fim da gravidez. E em relação a saúde mental? Como ficam as mães que am pela perda perinatal? 371ck
Segundo a neuropsicologia, a morte de um bebê no fim da gravidez é "uma ruptura abrupta entre expectativa e realidade". "A mulher já ouviu o coração do bebê, já preparou o enxoval, já se imaginava embalando seu filho. Nesse momento, não se perde só um bebê — perde-se um futuro inteiro imaginado, um vínculo visceral que já estava formado. É o luto de um colo que ficou vazio, de um corpo que ainda pulsa vida, mas já não abriga o que mais sonhava", diz a especialista em comportamento humano Carol Mattos à imprensa.
A perda pode provocar de estresse pós-traumático, ansiedade de maneira constante e sentimento de fracasso e culpa. Além disso, a paciente pode apresentar distúrbio do sono e crise existencial aguda. A depressão pós-parto também pode ser diagnosticada. Diante disso, especialistas afirmam ser fundamental que de maneira urgente se procure uma ajuda tanto psicológica quanto familiar.
"Do ponto de vista neuropsicológico, o cérebro da gestante já havia se adaptado para o vínculo: havia alterações hormonais, sinapses preparadas para o cuidar. Com a perda, o cérebro entra em disritmia emocional, desorganizando, inclusive, as funções básicas de sono, apetite e a tomada de decisões", acrescenta Carol, afirmando ainda que a sociedade apresenta dificuldade em reconhecer o luto gestacional.
"Muitas mulheres ouvem frases como: 'você é jovem, logo terá outro'. Como se pudesse haver uma “substituição” de um filho por outro. Validar essa dor é fundamental para a reconstrução do eu materno. Não se trata de seguir em frente como se nada tivesse acontecido, mas de aprender a seguir em frente com o que aconteceu", explica a psicóloga. É preciso, portanto, que a mulher que a por essa perda receba uma presença verdadeira, silenciosa e sem julgamentos nem expectativas.
Expressões corriqueiras ("você é forte") podem machucar mais do que dar conforto. O luto materno por ser classificado como "íntimo" e "intransferível" não apresenta prazo de validade e tampouco roteiro que será seguir. Essa é razão que faz algumas mães optarem por falarem da perda várias vezes